segunda-feira, 9 de julho de 2007

Lucro Átraves do Pet

Elas servem para fazer bolsas, cortinas e pufes. Podem também ser usadas na fabricação de camisetas, brincos e pulseiras. Em tempos em que a moda é ser ecologicamente correto, as garrafas pet – aquelas de plástico, que na maioria das vezes acabam indo para o lixo – viraram verdadeiros artigos de mil e uma utilidades no mercado nacional. Transformar as garrafas de plástico em artesanato tem garantido há mais de dez anos o sustento da família dos artistas plásticos Rudi e Eduardo Webster, que têm quatro filhos em Tanguá, no Rio de Janeiro. Eles adaptaram a técnica que usavam em porcelana para fazer pequenos sulcos no plástico e dar o efeito de bordado às peças, que em nada lembram as garrafas verdes: são cortinas, objetos decorativos, móveis e bijuterias.
Apesar da criatividade do trabalho, descobrir que está comprando um produto feito de pet ainda causa estranheza em alguns clientes. "Existe o preconceito entre as pessoas de baixa renda. É muito fácil vender numa área para turistas. Você não diz que é pet", explica Rudi. Para conseguir matéria-prima, ela e o marido saem em busca da garrafa pela comunidade: vizinhos e comerciantes vendem cada garrafa usada por R$ 0,05. Depois de pronta, uma bolsa feita de pet pode ser vendida por R$ 25.

Garrafas pet se transformam em bolsa (Foto: Divulgação)
Roupa de grife
Há dois anos, então recém-formada em moda, Camila Sotto buscava um produto com apelo ambiental para apresentar a confecção em que trabalhava. A resposta veio com a fabricação de camisetas a partir de garrafas PET. "Achei uma pessoa que fazia o fio, e começamos a comprar o fio e fazer a malha", diz. A aposta deu certo: hoje, a empresa produz para marcas conhecidas como Osklen e Track and Field. A confecção a partir da reciclagem ainda não é significativa para a fábrica, mas Camila espera uma mudança no cenário. "A gente acredita que daqui a um tempo, até o final do ano, as camisetas tomem grande parte da nossa produção".

Com um pouco de criatividade, garrafa vira em objeto de decoração (Foto: Divulgação)
O primeiro desafio da empresária foi enfrentar a desconfiança do cliente com relação ao material. Para isso, foi feito um material explicativo sobre o produto. "As pessoas acham que o tecido vai ser só verde, ou duro, ou quente porque é de plástico", diz. Camila enumera as qualidades da malha: "Ela tem um toque macio como algodão, não é quente, é mais resistente porque tem o poliéster", afirma. O processo de produção começa com os catadores de lixo, que recolhem as garrafas usadas. O material é levado para cooperativas, de onde são depois vendidas a empresas como a Repet, de Mauá, em São Paulo. Lá elas são lavadas, moídas e transformadas em flocos.

Em outra etapa, os flocos são por sua vez transformados em fibras de poliéster para confecção de tecidos, tapetes e enchimentos, diz Hélio Losito, gerente comercial da Unnafibras, empresa de Santo André, na Grande São Paulo, que fabrica cerca de 2,2 mil toneladas de fibras a partir de garrafas PET todos os meses.
300 empresas
A reciclagem das garrafas pet movimenta a economia: mais de 300 empresas brasileiras são diretamente ligadas ao negócio de reciclagem de PET no Brasil, segundo a Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet). O faturamento estimado do setor formal, só no primeiro estágio da reciclagem, foi de mais e R$ 150 milhões em 2005. Naquele ano, foram recicladas 174 mil toneladas do produto – 47% do total de garrafas comercializadas. Além disso, empresas "antenadas" já começam a fazer da reciclagem parte de seus negócios diretos, como é o caso da Natura. Desde março deste ano, ela vem substituindo os frascos de uma de suas linhas de produtos por embalagens que têm em sua composição 30% de Pet reciclado. O desenvolvimento da nova embalagem levou três anos e a redução do impacto ambiental, segundo a companhia, será de cerca de 15%. "Esse número é significativo, mas estamos trabalhando, junto com nossos parceiros, para aprimorar o processo de reciclagem de forma a utilizar uma resina com 100% de PET reciclado. Desta forma, conseguiremos alcançar 50% de redução", afirma Victor Fernandes, diretor de desenvolvimento da Natura.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Gerador de ozônio utiliza ar ambiente como matéria-prima

Uma empresa abrigada no Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec), no campus da Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista, acaba de lançar o BRO3, equipamento gerador de ozônio (O3) a partir do oxigênio (O2) obtido do ar ambiente.
Gerador de ozônio
O aparelho, indicado para o tratamento da água em piscinas, aquários, caixas d'água e efluentes industriais, é formado por três componentes principais: secador de ar, gerador de ozônio e centro de comando. As pesquisas foram desenvolvidas em parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).
Após ser captado da atmosfera, o ar ambiente, que tem cerca de 20% de oxigênio, perde umidade no secador e entra no gerador de ozônio. Ali, o oxigênio recebe uma descarga elétrica para que suas moléculas se quebrem e se agrupem novamente na forma de ozônio. Segundo os pesquisadores, o processo não agride o meio ambiente, pois não utiliza nenhum produto tóxico.
"Essa técnica de obtenção de ozônio a partir de uma alta tensão elétrica em moléculas de oxigênio, conhecida como efeito corona, é utilizada há muitos anos em diversos países. O ozônio, que tem propriedades oxidantes e bactericidas, nada mais é do que uma superconcentração de oxigênio", disse Samy Menasce, diretor da Brasil Ozônio, empresa incubada no Cietec.
"O que fizemos foi utilizar técnicas conhecidas para desenvolver um equipamento que chega a custar dez vezes menos do que modelos semelhantes fabricados em outros países", disse. O ozônio pode ser aplicado no ar ou na água, em substituição ao cloro, para a eliminação de bactérias.
Segundo Menasce, quando o gás é transferido para a água, um dispositivo conhecido como "venture" deve ser acoplado ao gerador de ozônio. "O venture é um tubo plástico com algumas deformações internas que agitam o gás antes de ele ser inserido na água ", explicou.
Tratamento de água de piscinas
Para que a água seja tratada antes de chegar à piscina, o venture é instalado junto ao filtro. "Com o centro de comando, é possível programar a limpeza da água periodicamente. Outra vantagem é que todo o equipamento em funcionamento consome energia equivalente à de uma lâmpada de 200 watts", disse.
O ozônio pode ser usado ainda para aplicações como a eliminação de fungos em sementes. Nesse caso, que envolve um projeto de pesquisa realizado pela Brasil Ozônio e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o ozônio deve ser aplicado no ar.
"É preciso redobrar o cuidado com esse tipo de aplicação, pois, a partir de concentrações específicas, o ozônio pode ser tóxico. No ar, por exemplo, o gás deve ser aplicado somente em lugares fechados e que não tenham presença humana", ressaltou Menasce.
A Brasil Ozônio tem mais de 70 aplicações de ozônio solicitadas por empresas, em diferentes setores industriais. "Desse total, temos apenas 15 soluções tecnológicas já prontas, o que deixa evidente a necessidade de novas pesquisas científicas na área", afirma Menasce.